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Conexão - em 29/02/2012 por Arthur Antunes Coimbra

O respeito não desfilou no Sambódromo

Depois de décadas de Avenida, me considero uma pessoa com bom conhecimento sobre Carnaval. Freqüento e compro camarote desde que começou na Marques de Sapucaí e não tinha o Sambódromo ainda, ou seja, antes de 1984. Na Presidente Vargas, não cheguei a ver os desfiles de Escolas de Samba, nem quando era na Rio Branco. Nessas duas avenidas desfilei muito com o nosso Bloco, o Juventude de Quintino. Íamos fantasiados e alegrávamos os foliões, pois tínhamos uma pequena bateria com piston e sax. Meu pai gostava de nos levar na Rio Branco para assistir às Grandes Sociedades como os Democráticos, Fenianos, o famoso Tenentes do Diabo- que eu mais gostava por ter as cores do Flamengo.

Víamos também os Ranchos, já que Quintino abrigava duas agremiações, uma muitas vezes campeã, o Decididos de Quintino, e a outra os Aliados de Quintino, bem perto da minha casa. Acompanhávamos diversos ensaios.

Mas essa abertura foi só para dar o contexto da minha relação com o Carnaval, que hoje se expressa pelo camarote que citei e na paixão pela Beija-Flor. O que quero falar mesmo é sobre as mudanças na avenida a partir desse ano. O que a Prefeitura e a Liesa fizeram foi um grande desrespeito aos foliões daquele novo lado.

Os camarotes em si, nada de mais, até amplos de cumprimento. Mas só que se chover não se vê nada. A cobertura vai até o meio e você ainda corre o risco de atirarem coisas da arquibancada. No nosso lado foi tranqüilo, mas soube que em alguns a coisa não foi legal. Problemas elétricos como, por exemplo, o ar condicionado que não funcionou e o elevador também não. E o pior: a comida. Um absurdo. Você é obrigado a pagar a quem ganhou a concorrência, sem escolha, o que não acontece do outro lado onde se tem várias opções. A cozinha não funcionou bem e tudo vinha frio. Tivemos que levar forninho de casa. Imagina a situação.

Para você entrar no Sambódromo, nenhuma sinalização e como as obras estavam inacabadas, só um setor para entrada. Saída até que tinham outras opções. Mas pense em 10 mil pessoas entrando por um lugar só!

Risco de acidentes agravado por restos de obras como ferro, madeira e outras coisas pelo caminho. Se tivéssemos uma briga, esse entulho viraria arma e teríamos uma tragédia.

Num dos dias, ainda deixaram entrar um caminhão para recolher coisas de camarotes no momento do término do desfile, quando a multidão saía e o motorista ainda parecia alcoolizado! Cena de filme de comédia... ou drama.

Acho que a única coisa que funcionou desta vez foi o trânsito no final com um escoamento rápido, mas isso devido a um número de carros inferior aos outros anos pela falta de estacionamento. Diga-se, aliás, o que é outro absurdo que é faltar estacionamento, já que quem compra camarote deveria ter acesso a algum lugar para estacionar dois carros. Não tem e muitos optam por ir de táxi.

Enfim, não se tem respeito a quem ajuda a fazer o Carnaval. Quem vai de bicão, de convite, não liga para nada, mas quem paga só pode exercer o direito democrático de fazer suas colocações. Soube que tem gente que vai entrar com processo contra esse absurdo que foi o lado par. Acho que a ganância imperou também no Carnaval.

Quanto ao desfile, a Tijuca mereceu a vitória, fez um ótimo desfile e Paulo Barros começa a se transformar no novo Joãozinho Trinta, a quem, aliás, ele homenageou no desfile.

Espero que para 2013, o Rio às vésperas de receber um evento como a Copa do Mundo, tenhamos mais respeito desfilando na Avenida.

Até a semana que vem!