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Conexão - em 13/12/2012 por Arthur Antunes Coimbra

Ponto final forçado

Tenho orgulho de ter tido uma boa formação dada pelos meus pais e o apoio dos meus irmãos ao ingressar no futebol. E uma coisa que aprendi desde menino é a honrar meus compromissos. Nunca deixei contratos para trás e nem mesmo descumpri algo em que empenhei a minha palavra. Infelizmente, fui obrigado a encerrar meu trabalho no Iraque sem levar o contrato com a Federação ao final. Não pela minha vontade. Esse é o tema da coluna desta semana.

Ao chegar ao Iraque, no ano passado, percebi rapidamente que havia ali um povo sofrido, mas apaixonado pelo futebol. E talentoso. Encontrei uma geração campeã da Ásia em 2007 e que estava sonhando com a possibilidade de disputar uma Copa do Mundo. Ainda mais no Brasil. Jogadores experientes e que me receberam de braços abertos.

Não demorou muito para eu perceber as dificuldades de estrutura, que a cada dia ficavam mais evidentes. Os deslocamentos sempre complicados, jogadores deixados pelo caminho por falta de vistos, falta de campos de treinamento e estádios. Fruto da guerra de muitos anos e uma liga nacional fraca. Para piorar o cenário, um embargo da Fifa para jogos no país em função da falta de segurança na capital Bagdá, local que conta com o único estádio em condições. Não jogamos em casa.

Além desses problemas, faltou apoio básico. Mesmo com todos os históricos serviços prestados pelo meu irmão Edu Coimbra como treinador que classificou o Iraque para a única Copa, em 1986, ele não recebeu a atenção devida e na reta final já não podia contar com ele por falta de contrato escrito. Moraci decidiu seguir comigo até o final, mas foi outro que acabou com o mesmo problema. A verdade é que não havia uma boa relação com os dirigentes da Federação por culpa única e exclusiva destes dirigentes.

O que me manteve de pé em muitos momentos foi perceber que há uma nova geração chegando com jogadores talentosos. Enquanto os mais velhos estavam perdendo o fôlego, os mais jovens foram chegando e naturalmente iniciei um processo de renovação da equipe, que na última rodada das Eliminatórias surtiu efeito na vitória sobre a Jordânia.

Entendi desde o início que as condições de um país saído da guerra e ainda convivendo com dificuldades decorrentes deste período pós-guerra eram o grande desafio. Mas acho que dava para termos mais apoio e um relacionamento melhor. Só que nem o mínimo foi cumprido, e acabei entrando com a rescisão na FIFA. E por essa soma de razões que enumerei na coluna não retornei ao Iraque. Espero que os jogadores sigam em frente e consigam superar os obstáculos e lamento pelo grande número de torcedores, muitos deles que deixam constantemente mensagens para mim.

Até a semana que vem!