 Antes de vir aqui para o CSKA tive a oportunidade de receber em minha casa o grande Peu, ex-companheiro e figura de muitas histórias aqui no Cantinho. Mas ele veio me encontrar em rápida passagem pelo Rio para fazer uma reivindicação:
- Ga-Galo, na-não estou enten-de-dendo. O Pe-peu aqui na-não apa-parece ma-mais no te-teu si-si-te! Vo-você esque-queceu das minhas histó-tórias?- reclamou.
Expliquei a ele que não era nada disso, que tinha muita coisa na fila. Mas ele não se deu por satisfeito e começou a contar mais um monte de casos, alguns que eu nem lembrava de nossas excursões com o Flamengo no Brasil e fora do país. Peu me disse ainda que, recentemente, teve atualização com histórias vividas por outros companheiros dele em Alagoas.
A gente se diverte com o Peu, que quem conhece sabe que é leeevemente gago. E a melhor de todas as novas do Peu foi a do atacante que se apresentou para jogar em Itu e tomou um susto no hotel quando perguntou ao recepcionista por quê havia um balde sem alça em cima de uma grande mesa do hall.
- Ih, rapaz... a nossa costureira esqueceu o dedal em cima da caixinha de remédios novamente- disse o atendente ao amigo do Peu.
O susto do atacante nos lembrou que aquele nosso time da década de 80 nunca jogou em Itu, a terra das coisas gigantes. É, só que o Peu protagonizou uma história que bem podia ter se passado na cidade paulista, mas ocorreu em Capri, na Itália.
Em 1981, fizemos jogos em Nápoles e acabamos passando por Capri, uma ilha muito bonita que fica na província napolitana. Na folga do time, quase todos seguiram para um restaurante de frutos do mar que foi muito bem recomendado. Chegando lá, eu fui o primeiro a perceber que o Peu estava pálido. Não reagia, apenas olhava para a entrada, já que o restaurante tinha uma característica que naquela época não existia no Brasil. Os peixes e frutos do mar consumidos ficavam expostos na frente. Os peixes num aquário, outras peças ficavam penduradas mesmo.
A primeira coisa que Peu viu foi exatamente a série de ganchos com os camarões gigantes pendurados. Parecia uma espécie de suporte na parede, um puleiro. O nosso alagoano, que nunca tinha visto um negócio daqueles, tomou um susto e ficou paralisado.
- O que houve, Peu. Você está hipnotizado?- perguntei.
- Na-não, Ga-galo... na-não pó-pode se-ser!!!
Eu perguntava e ele insistia:
- Na-não pó-pode se-ser!!!
Todos acabaram ficando ao redor do Peu sem saber se riam ou o que faziam. Estávamos assustados, achando que ele estava tendo algum tipo de alucinação. Mas aí, com uma tirada digna de Peu, ele solucionou a nossa curiosidade.
- Zi-zico, pe-pessoal... o-o-olha o ta-tamanho desse bi-bi-cho pen-du-durado na Pa-parede? O-olha i-i-isso... se o ca-camarão aqui-qui é de-desse pó-porte, ima-magine o ta-tamanho do papaga-gaio!
Dois segundo de silêncio e gargalhada geral. Só mesmo o Peu para sair com uma dessas. O Peu é uma figuraça...
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