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Em 10/09/2012 por Edu Coimbra

Wada & Edu - O Flagra




meu irmão Zico no encontro com Wada
Encerrando este ciclo de aventuras das espionagens nipônicas, voltadas para o melhor aproveitamento do Zico nas partidas que definiram a classificação do Japão para a copa de 2006, narro a mais dramática, e ousada história, que quase vira uma tragédia, mas que se tornou cômica no fim das contas (ou do conto). Isso porque que os “soldados da pátria” futebolística coreana do norte têm a fama de se comportarem como uma bomba prestes a explodir quando alguém se mete a bisbilhotar “as estratégias de ataque” no seu terreno minado, controlado por seguranças “armados”até os dentes!

Haja vista o histórico de lutas entre as potências asiáticas antes, durante e após a segunda guerra mundial!

O Google traz uma infinidade de ilustrações sobre a outrora ocupação japonesa, a luta dos coreanos e chineses contra o Japão e a divisão das Coreias, em sul e norte Quem entrar agora em alguma página de jornal virtual, verá que as divergências prosseguem. Só que, agora, com outro foco de discórdias.

Este preâmbulo é apenas um aperitivo de sushi doce, em vista do que aconteceu de amargo comigo e com o nosso ágil e competente 007 da bola, conhecido como “O Samurai das 4 linhas”, o famoso espião Wada.

Então, vamos logo ao que interessa pra não ficar dando voltinhas no nosso querido leitor... falou?

Numa tarde cinzenta, de vento forte e frio insuportável, o estádio do Kawasaki , sede do Frontale Club, abriu as portas e cedeu seu belo gramado para a seleção coreana, com vistas a um treinamento super-secreto elaborado por seu esperto, desconfiado e truculento treinador, Yun Jong Su, se não me falha a memória combalida pelo tempo.

Descobrir o dia desta derradeira prática coletiva, visando o jogo de suma importância para as duas equipes, foi bastante complicado. Todavia, com a ajuda de alguns informantes na imprensa japonesa, conseguimos saber, não só o dia, como também a hora correta do seu início.

Munidos de um grande interesse investigativo, lá fomos nós de uma cidade para a outra, com o intuito de reunir o material necessário para uma análise profunda sobre a maneira tática deles jogarem e, principalmente, das jogadas ensaiadas em bolas paradas.

A motivação, claro, enorme, mas a preocupação sempre na frente dos pensamentos. Os devidos cuidados deveriam ser tomados, obrigatoriamente, pois toda a cautela seria pouco diante do perigo de sermos descobertos. Apesar disso, das observações preliminares, não contávamos com a esperteza dos caras, nem do preparo que tinham, contra os “inimigos” que se aventurassem a espioná-los.

Em obediência às instruções dos dirigentes da casa, nos posicionamos na sala principal do estádio. Ou seja: na área VIP localizada na parte mais alta e com uma visão central exuberante.
Daquele espaço, seria muito fácil avaliar todos os movimentos executados pelos jogadores.

Que beleza de satisfação interior até aquele momento!

Ríamos da nossa própria capacidade e com o ego a mil por hora.
Detalhe: a sala grande e vistosa ostentava um piso brilhante, cadeiras em estilo Luiz XV exalando um perfume das cerejeiras que circundavam o estádio em toda a plenitude primaveril. Um belo espetáculo da natureza e um conforto ímpar à disposição.

O local parecia pronto pra receber o imperador Hiroito e não os dois espiões a serviço do futebol japonês.

A cortina de colorido azul, abrindo somente quando acionadas por um botão ligado a energia elétrica, dava um toque de magia e beleza na decoração de muito bom gosto. Requintes de realeza, num modesto estádio municipal, diga-se de passagem.

Nosso esconderijo, portanto, perfeito.

Numa fresta desta mesma cortina aberta com as mãos, percebemos o início do trabalho inimigo. Lá embaixo, o vermelho das camisas em contraste com o azul desbotado do céu, anunciava um clima de suspense e preocupação. Numa reunião no centro do campo, o técnico, de costas para nós, conversava sério e compenetrado com seus jogadores. De frente para nós, notamos alguns membros da comissão, olhando muito pra cima na direção exata onde nos encontrávamos. Neste momento, todos viraram de uma só vez, dando a entender que a coisa “tava pegando” pro nosso lado.
Até comentei com o japa:

- Xiii, Wada, sujou !

Ele riu , disfarçando o nervosismo, mas entendendo no meu linguajar carioca, que a barra não tava tão limpa assim. Houve uma movimentação diferente no campo, com todos voltando para os vestiários, o que não era uma coisa normal. Não era mesmo, porque tivemos de usar de um grande artifício para tentar enganá-los, pois a descoberta era pule de dez.

Em frações de segundos, pegamos as vassouras e alguns panos num reservado à limpeza, e começamos a varrer e passar o pano de chão, desordenadamente, esperando pelo pior, pois não daria tempo de sairmos dali ilesos, sem sermos descobertos.

Dito e feito!

Como por encanto, repentinamente, abrem-se as cortinas, as portas laterais da sala e penetram vários membros da delegação coreana, inclusive o seu presidente, balbuciando uma série de indagações que o Wada ia entendendo e respondendo, com calma e maestria extraordinárias, convencendo-os que, de fato, estávamos ali como responsáveis pela limpeza daquela sala VI`P. Não sabia se ria ou chorava, tamanha a emoção com este lance inesperado. Foi um belo teste para o coração em disparada deste velho e experiente desportista!

Sorte a nossa que nenhum membro da imprensa, escrita e (mal) falada, se fazia presente no estádio, proibidos que foram pelo treinador coreano. Caso contrário, estaríamos até hoje sendo comentados como os mais desastrados espiões da face da Terra.

Assim que os caras foram embora, demos um “pinote” porta a fora (do estádio ) com a consciência do dever quase cumprido, não fosse pelo flagra que tomamos. Com tudo isso, há de ressaltar que a vitória aconteceu de forma convincente, nem tanto pelas espionagens, mas, muito mais, pela competência do Zico e dos jogadores do Japão.

Para terminar, pergunto a vocês:

- Em alguma parte do mundo já viram algum funcionário de limpeza vestido com o uniforme de uma seleção de futebol? Pois desse modo é que fomos descobertos.

- Será que os caras entraram na conversa do Wada, ou se fingiram de bobos para não fomentar, ainda mais, futuras encrencas diplomáticas?
A resposta deixo pra vocês...

É, pessoal, mais do que nunca, guerra é guerra! E, por ironia do destino, amanhã, ou daqui a pouco, eu e Wada estaremos lado a lado novamente, mas em bancos de reservas diferentes.



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