mirim

Leonardo Filipo, em 13/11/2008

Quando chegou ao CFZ em maio deste ano, o técnico Robson Tavares começou um trabalho do zero nas categorias fraldinha, pré-mirim e mirim. Após passagens vitoriosas por Vasco e Fluminense, entre outros clubes, o treinador já colheu resultados, como a conquista da Copa Orla Rio com a equipe pré-mirim e o bom desempenho na Copa Light. No futsal, foi iniciada a parceria com o Tio Sam, de Niterói, que disputa o Campeonato Carioca.

Em entrevista ao site do CFZ, Robson conta como é o trabalho com crianças, se é possível detectar um futuro craque e como lidar com a pressão dos pais. O profissional, reconhecido por quatro anos como melhor treinador do Rio nas categorias de base, também conta que erguer taças de campeão não é a parte mais gratificante de seu trabalho.


A equipe pré-mirim, campeã da Copa Rio Orla

Qual a diferença entre trabalhar com crianças e adultos?

A grande diferença é que no fraldinha, pré-mirim e mirim você está ensinando tudo. A base toda vai ser aprendida nessas categorias e o jogador vai levar esse aprendizado pelo resto da vida dele. É um trabalho importantíssimo de formação. Tem jogadores que chegam no profissional com dificuldade para chutar com a perna esquerda ou a direita. Esse é um reflexo de um trabalho mal feito na base. Outra coisa importante é que temos que tratar o jogador como atleta e como criança. É diferente de um garoto do infantil e do juvenil, que já tem noção de que aquilo é a vida dele. No fraldinha, pré-mirim e mirim ainda é uma curtição.

Nessas categorias é comum ver pais exaltados com seus filhos durante as partidas. Como fazer para que isso não atrapalhe o desempenho dos garotos?

Pedimos ao pai que ele torça, não que seja um treinador do lado de fora. Fazemos uma reunião com os pais onde a gente passa como é o nosso trabalho. No nosso caso, trabalhamos com resolução de problemas. Orientamos o jogador a aprender a tomar as atitudes dentro do campo. Quanto menor a interferência tanto do treinador, quanto dos pais na hora do jogo, é melhor. Amanhã ele vai jogar em um Maracanã com 80 mil pessoas e ninguém vai dizer o que ele tem que fazer.


O time mirim, classificado para as semifinais da Copa Light


Nessa idade é possível detectar se um garoto vai ser um grande jogador no futuro ou ainda é cedo?

Dá para ter uma noção, identificar alguns atletas dentro do grupo que acreditamos que vai chegar ao profissional. Mas você tem variantes que no meio do caminho podem levar o menino a chegar ou não. Exemplo: quando estive no Vasco, de 1995 a 2003, trabalhei com o (atacante) Alex Teixeira, que hoje está jogando no profissional. Tinha um jogador chamado Clayton que era muito melhor que o Alex Teixeira, era considerado uma futura promessa no Rio de Janeiro. Mas ele não subiu do mirim para o infantil, não deu seqüência à vida esportiva dele. E o Alex, que também era uma promessa, conseguiu chegar. Às vezes o menino não quer ter uma vida de jogador de futebol, quer ter uma vida normal, seguir os amigos, ir para a boate, beber. Ao mesmo tempo, a gente não identifica e o garoto acaba chegando. O Marcelo, lateral-esquerdo que está no Real Madrid, estava no Vasco em 2000. Ele tinha muita qualidade, mas era gordinho e tinha pouca participação no jogo porque era pesado. Não quis jogar campo, só futsal. Então, ninguém apostava que fosse chegar. Mas foi para o Fluminense, jogou no campo e emagreceu.


Pré-mirim chegou às quartas-de-final da Copa Light

Há quanto tempo você está no CFZ e como é o trabalho para descobrir talentos?

Quando cheguei ao CFZ em maio deste ano, vindo do Fluminense, não havia essas categorias de base – fraldinha, pré-mirim e mirim. Montamos as equipes a partir do zero. E estamos colhendo frutos de um trabalho de curtíssimo tempo, como a conquista da Copa Rio Orla e o desempenho na Copa Light. A tendência é colher novos frutos. Quanto à chegada de atletas, temos algumas fontes, como no futebol de salão, onde temos uma parceria com o Tio Sam, outras com o futsal do Grajaú, Piedade, Bangu e Marã, que nos encaminham atletas. Também temos outros contatos espalhados pelo Rio de Janeiro, além das nossas escolinhas. Selecionamos alguns atletas na Copa Zico. Sem falar das peneiras. Normalmente trabalhamos com 44 atletas, no máximo, em cada ano de mirim. Hoje nós temos cerca de 30 a 33 atletas que estão sendo encaminhados para serem federados. Foram cerca de 300 crianças que não passaram nos testes.

Quanto a resultado, a comissão técnica trabalha visando título? O que dá para almejar para 2009?

O trabalho é todo em função da formação do atleta. A preocupação com título não existe nessas três categorias. Essa foi uma situação que o Zico colocou. Nós, como educadores, entendemos que mesmo que esses meninos não sejam jogadores, que eles sejam cidadãos. E que a gente tenha participado um pouco da formação do caráter da criança. Quanto for maior o número de atletas que formamos para o clube, melhor. Mas às vezes nos preocupamos tanto com título que a gente dá pouca chance para as crianças jogarem, o que acaba sendo ruim. Quando você faz um bom trabalho de formação, você vai ter condições de lutar por títulos. A conquista da Copa Rio Orla (pelo pré-mirim) foi uma surpresa, porque entramos na competição com pouco tempo de preparação, com uma equipe em formação, e acabamos chegando na final contra o Madureira, que tinha uma equipe pronta. Na Copa Light classificamos o pré-mirim para as quartas-de-final e o mirim para as semifinais. Qualquer resultado que vier será excelente, levando-se em conta que o time começou a ser montado em maio.


Pré-mirim em ação na Copa Light

Depois de passar por Vasco e Fluminense, como foi a estrutura que você encontrou no CFZ?

É uma das melhores do Rio, não deixa a desejar a nenhum clube no Rio. A diretoria atua com a mentalidade de clube grande. Realmente o CFZ é um clube grande. Temos todo apoio para que a coisa aconteça. Tivemos alguns probleminhas de adaptação, o que é normal. Não tínhamos três categorias, que hoje tem. A tendência é que o ano que vem seja um ano muito melhor do que foi este ano. Teremos condições de treinamento melhores, uma mexida na escolinha.

Qual o momento de maior satisfação para um profissional das categorias de base?

Na minha visão o título não tem muita importância. Você ver um jogador chegando em uma equipe profissional também é gratificante, como o Marcelo, o Coutinho (ex-Vasco e atual Inter de Milão). Fico feliz em ver que ajudei um pouco. Mas o que minha maior felicidade é encontrar um jogador que não seguiu a carreira e virou engenheiro, faxineiro, bancário ou dentista, não importa a profissão. E eu o encontro com bom caráter e princípios. Porque a maioria desses meninos que a gente trabalha são humildes, com metade de chance de seguir bem na vida e metade de ir para o tráfico, virar assaltante.

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