futebol profissional

Carlos Garrit: Dez anos lutando pelo CFZ do Rio

em 09/05/2006

Carlos Garrit está no CFZ do Rio desde a sua fundação há quase dez anos e ocupa o cargo de supervisor de futebol desde 97. Ele teve a carreira de atleta abreviada por causa de problemas de saúde, mas continuou no esporte trabalhando no Centro de Futebol Zico. Garrit passou por todas as emoções neste tempo, vendo as vitórias para subir duas vezes da terceira divisão, sofreu em 2001 como o ano em que o CFZ ficou a um jogo da final do Estadual, mas, nos sucessos e insucessos, estava ao lado do grupo dando apoio.

O supervisor tem a cara do CFZ do Rio e será uma peça fundamental para que o clube chegue ao sonho de disputar a primeira divisão do Campeonato Carioca e passe a alçar vôos cada vez mais altos. Garrit fala do futebol japonês que viu dar os seus primeiros passos na criação da J-League, sobre o clube que defende sempre com muito vigor e sobre a esperança renovada em 2006:

ZNR: Como começou o futebol na sua vida?

Carlos Garrit: Na verdade, comecei na equipe do América, onde passei oito anos nas categorias de base. Quando cheguei aos Juniores, tive um convite para ir para o Flamengo, aceitei e fiquei dois anos na Gávea. Lá conheci o Zico, que foi o responsável depois pela minha ida para o Kashima Antlers. Foram dois anos positivos na história do clube japonês. A equipe estava vindo da segunda divisão, como Sumitomo, mudou o nome e, no primeiro ano de J-League, a gente obteve uma aceitação muito grande. Rapidamente se tornou uma das maiores torcidas com grandes ídolos do futebol japonês: Zico, Alcindo e Carlos Alberto Santos, enquanto eu e Régis éramos mais jovens.

ZNR: Você já sentia que o futebol japonês ia realmente se tornar o melhor da Ásia?

Carlos Garrit: Sem dúvida. Os japoneses observaram os melhores campeonatos do mundo e houve um planejamento para ser a competição de maior destaque do continente asiático e depois passar a ser comparado com torneios de outros países. É um futebol pelo qual passaram grandes estrelas, ídolos, treinadores e preparadores físicos e continuam passando. É um mercado que realmente aconteceu e contrata atletas de várias seleções. É um projeto que deu certo e a seqüência de tudo isso é o bom momento da Seleção Japonesa.

ZNR: O que você espera da Seleção do Japão na Copa da Alemanha?

Carlos Garrit: Hoje há japoneses jogando em outros países, na Europa. Isso fez parte deste planejamento: dando a oportunidade para que estes jogadores fossem representar o país em outros lugares. Isso deixa a equipe mais experiente e o futebol japonês mais respeitado. Além disso, o Japão tem um grande treinador, respeitado em todo o mundo pelo que representou como jogador e o que hoje representa como treinador, conseguindo uma classificação para a Copa do Mundo. Para mim, que participei deste início, tudo foi muito bem pensado. A equipe de trabalho do Zico, ao lado do Edu e do Cantarele, participou deste amadurecimento. Espero o melhor do Japão na Copa, por toda esta estrutura bem montada, e um futebol consistente. Mas é difícil prever superioridade de um ou outro antes de começar porque é uma competição muito curta.

ZNR: Pode sempre acontecer alguma coisa na véspera da competição que decida que time vai entrar com mais garra para ser o campeão...

Carlos Garrit: Até mesmo um resultado negativo na estréia pode trazer um ambiente que crie uma situação irreversível. De certa forma, isso facilita as equipes que não tenham uma responsabilidade muito grande dentro da Copa. Mas vejo grandes chances do Japão se classificar dentro do seu grupo. Tudo vai depender de uma boa estréia e a nossa torcida é muito grande para que passem Japão e Brasil.

ZNR: Como foi o seu primeiro contato com o Zico?

Carlos Garrit: Cheguei à Gávea no momento em que ele recebeu o convite para ir ao Japão e passou por um período de treinamento para saber se conseguiria suportar jogar por lá. Naquele momento, ele teve um convívio com quem estava no Flamengo e treinou entre Profissionais e Juniores. Foi ali que conheci o Zico, que foi para o Japão por um período de seis meses, voltou e recebi o convite para ir atuar ao lado dele. Convivemos por dois anos e, no final deste período, voltei ao Brasil e tive que encerrar a carreira por problemas de saúde.

ZNR: E como foi o novo convite para trabalhar ao lado do Zico no Centro de Futebol?

Carlos Garrit: O Zico tinha um projeto de fazer um centro de futebol onde as crianças tivessem a mesma oportunidade que ele teve quando era jovem. Num primeiro momento, ele me convidou para trabalhar na escolinha, dei aula por um ano e assumi a coordenação do Centro de Futebol Zico quando o Cantarele foi chamado para ser preparador de goleiros do Kashima Antlers. Fiquei cinco anos nesta função cuidando de toda a metodologia das aulas e desenvolvimento de eventos. Depois, tivemos a criação do CFZ do Rio e me tornei técnico do Infantil. Começamos ali um trabalho que já gerou bons frutos e a gente fica muito contente quando vê o Andrade, que começou treinando o time Juvenil do CFZ, no Flamengo.

ZNR: Como você passou para a supervisão de futebol do clube?

Carlos Garrit: Logo após a primeira temporada no Infantil, o Zico me fez um convite para trabalhar na supervisão e eu topei. Era uma área que está dentro daquilo que queria para a minha carreira e que me daria uma boa experiência. Dentro da proposta do CFZ, não fico totalmente fora do campo, mas estou participando efetivamente de todas as categorias, na evolução do trabalho e coordenando todas as comissões técnicas. Tenho o apoio do Zé Carlos na coordenação técnica [Profissional e Juniores], onde tenho uma interferência, assim como ele pensa na parte administrativa junto comigo. Estamos fazendo uma dobradinha muito legal, tendo uma facilidade de se planejar. Na base, trabalho com o Bernardo, pois também dou um suporte para que ele possa administrar as outras categorias [Juvenil, Infantil e Mirim].

ZNR: Qual é exatamente a função do supervisor?

Carlos Garrit: O supervisor dentro do organograma do clube precisar funcionar dentro de um processo. Você precisa ter uma participação no desenvolvimento do trabalho, ajudando com a experiência de ex-atleta e com a que foi adquirida através da formação acadêmica. É importante respeitar as faixas etárias, as individualidades e o desenvolvimento das crianças. Dando apoio aos atletas tanto na parte física quanto na psicológica e dando respaldo às comissões técnicas. Esse é o trabalho que o Zico nos cobra. Quando se precisa selecionar ou decidir sobre um atleta, temos voz ativa. O treinador tem a última palavra na parte técnica, mas a gente opina, pois assim acreditamos que há um menor risco de errar. Ainda mais quando se fala em categoria de base, pois a criança tem uma oscilação muito grande. Por isso, precisamos desta decisão em conjunto, segurando um menino que se perde num determinado momento, mas a gente acredita que ele pode dar uma resposta mais à frente.

ZNR: Qual o grande objetivo em se trabalhar as categorias de base?

Carlos Garrit: A gente tem uma tranqüilidade na base porque não temos o objetivo da vitória em si, pois a grande vitória é que os atletas formados pelo clube cheguem ao Profissional e brilhem no cenário nacional e mundial. Este deve ser o trabalho de um clube. Transformar o jogador de base num produto final para seguir sua vida e dar retorno ao clube. Mesmo assim, o CFZ obtém grandes resultados nas categorias de base.

ZNR: Você ficou decepcionado com o rebaixamento do Juvenil e Infantil para a divisão de acesso mesmo indo bem nas últimas temporadas?

Carlos Garrit: A gente fica decepcionado pelo trabalho que foi desenvolvido. Vamos disputar uma competição onde as forças são mais variáveis, com um porte físico menor, mas não tira o brilho da nossa campanha. Temos que mostrar a nossa superioridade jogando. Se nos negássemos a entrar em campo, estaríamos fazendo o que fazem conosco. Estamos invictos nos dois campeonatos, liderando no Juvenil e no Infantil e esta é a nossa resposta. Não estou preocupado com o resultado de hoje, mas sim do trabalho e do planejamento das nossas categorias. O bom trabalho é levar um menino do Mirim até os Juniores e que ele comece a ser aproveitado pelo Profissional. É o caso do Glauber, que está aqui desde o Mirim, o Peterson, que chegou no Infantil, o Carlos Alexandre, que veio no primeiro ano de Juvenil e assim por diante. Estas coisas são gratificantes porque você começa a criar uma identidade com o clube.

ZNR: A idéia neste ano foi valorizar ao máximo estes “Pratas da casa”?

Carlos Garrit: Esta é a idéia que a comissão técnica também acreditou graças ao que foi passado pela coordenação de futebol. Estes atletas fazem parte do grupo e efetivamente estão sendo aproveitados. O Zé Carlos foi importante nesta conversa inicial porque ele jogou no CFZ, conhecia o trabalho e chegou mesmo a atuar ao lado de vários atletas formados no clube. É um orgulho ver o Glauber, o Alessandro e o Danilo como jogadores importantes. A eles juntamos atletas muito bem selecionados, bem indicados e temos uma confiança muito grande em todo o grupo.

ZNR: O que vocês trazem de experiência ruins de temporadas passadas que não podem se repetir nesta temporada?

Carlos Garrit: Acho que a comissão técnica tem uma responsabilidade muito grande, mas, quando trabalhamos em conjunto, a decisão não pode ser de uma só pessoa. É preciso dissipar estas forças e que cada um saiba da sua responsabilidade e opine na sua área. Existem clubes em que o treinador chega com 16 atletas, sai e leva todos embora. Demos a esta comissão técnica o direito de trazer seus jogadores de confiança, mas sabemos que grande parte deles vai dar o respaldo necessário aos meninos da casa. O técnico não pode ter medo de botar estes jovens. O Júlio Marinho, que é um treinador com uma formação em grandes equipes já tendo trabalhado até fora do país, não tem este medo. Este ano não é diferente dos outros, pois sempre tivemos um apoio e uma boa estrutura, mas só isso não basta. Precisamos do conhecimento para desenvolver um trabalho. Esta comissão tem uma experiência muito grande e estão sabendo utilizar a estrutura e os atletas da casa para realizar uma boa campanha.

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