futebol profissional

CFZ do Rio: Bahia conta um pouco sobre a dura vida dos goleiros

em 25/04/2006

O pernambucano Tércio Roberto Barbosa de Gusmão começou a trabalhar como preparador de goleiro do CFZ do Rio nesta temporada após a saída de Luiz Alberto, que ficou pouco tempo e se transferiu para o Fluminense. Bahia foi o último da comissão técnica a chegar, mas já está bem entrosado com o clube e com o treinador Júlio Marinho até porque os dois já trabalharam juntos anteriormente.

Bahia foi goleiro do Santa Cruz, do próprio Bahia e ficou boa parte de sua carreira defendendo o Bangu. Depois que pendurou as chuteiras, ou melhor, as luvas, se formou em educação física na Universidade Federal de Pernambuco e fez curso de treinador na Escola do Exército. Nesta carreira, ele já esteve no Botafogo, Vasco, Madureira, Olaria, Cabofriense e Vila Nova antes de vir para o Azul e Branco do Recreio.

Na semana em que se comemora o dia do goleiro, Bahia conta um pouco da dura vida de camisa 1 por que passou e a alegria de trabalhar na comissão técnica do CFZ do Rio. O preparador também assegura que pretende escrever um livro sobre a sua profissão:

ZNR: Bahia, começa contando como foi a sua vida de goleiro. Foi difícil?

Bahia: Minha carreira foi longa e sofrida. Foi uma verdadeira batalha da vida. Saí de Vitória de Santo Antão, no interior de Pernambuco, e fui para Jaboatão jogar no América local. Dei sorte porque em três meses, ainda no time Juvenil, o Santa Cruz enfrentou o América no Profissional, eu estava no banco, entrei e, mesmo perdendo por 3 a 0, tive uma boa atuação. Fui para o Santa Cruz e aí começou para valer a minha carreira. Fiquei lá de 78 a 83, quando fomos campeões pernambucanos. Depois passei por Catuense, Bahia e Ypiranga. Por volta de 88, vim para o Rio jogar no Volta Redonda, onde fiquei por uma temporada. Depois de passagem rápida pela Portuguesa da Ilha, fui para Bangu, onde joguei até 94, e fui encerrar a carreira no Santa Cruz.

ZNR: Se você é pernambucano, por que ganhou o apelido de Bahia?

Bahia: O apelido veio por ter jogado no Esporte Clube Bahia. O pessoal também se referia a mim como o Roberto do Bahia. Quando cheguei aqui no Rio, os cariocas cortaram o Roberto e fiquei sendo chamado somente de Bahia. Até hoje continuo sendo chamado de Bahia e tem gente que nem sabe o meu nome.

ZNR: Como foi esta transição de encerrar a carreira e virar preparador de goleiros?

Bahia: Tinha feito um planejamento. Até poderia jogar mais tempo, mas chega um período da vida de atleta profissional em que tem que se fazer uma escolha. Você faz a opção se quer parar bem ou chegar ao declínio total. Como estava com a matrícula trancada na faculdade em Recife e ia voltar para ver meus familiares, resolvi parar. Fui dar continuidade aos estudos, me aperfeiçoar e começar a trabalhar como treinador de goleiros. Considerei que ainda estava novo para iniciar uma nova carreira e fazer a minha caminhada com sucesso. Para não ter o desprazer de ser parado como jogador, parei por conta própria e abri um leque maior na minha vida profissional. Ficaram as lembranças e me dedico agora a me aprimorar como treinador de goleiros, buscar técnicas novas, diversificar o trabalho e me aprofundar cada vez mais.

ZNR: Como você a evolução dos goleiros no Brasil?

Bahia: O treinamento de goleiros da América Latina é um dos melhores do mundo. O goleiro latino e principalmente o brasileiro tem uma reposição de bola inigualável. Ele repõe a bola como um lançamento, um passe. Hoje em dia, o goleiro brasileiro, que tinha fama de sair mal do gol, mudou isso. Existem trabalhos específicos e fundamentos técnicos para aprimorar posicionamento e colocação para que tenha uma saída melhor e mais rápida.

ZNR: Que tipo de trabalhos?

Bahia: É um exercício dentro do gol. Antigamente o goleiro brasileiro de 70 para trás, e até mesmo em 74, se colocava no segundo pau posicionado de lado para os atacantes e de frente para a bandeirinha de córner. Isso não existe! Toda a impulsão é frontal, pois a lateral é mínima. De frente, o jogador chega ao topo máximo. A gente desenvolve o seguinte: o goleiro trabalha mais no meio do gol, posicionado de frente para o campo e observa a cobrança de escanteio virando apenas o tronco. A gente faz este trabalho passo a passo e o atleta vai assimilando aos poucos.

ZNR: O Ricardo, goleiro titular do CFZ do Rio, tem assimilado bem este trabalho?

Bahia: O Ricardo adquiriu este posicionamento. Antes ele não tinha este costume, implantamos esta saída de gol e ele está assimilando muito bem. Estou feliz com o progresso e com a forma como ele absorve as informações. Na verdade, é uma série de fundamentos que precisam ser trabalhados. Eu, inclusive, tenho a idéia de, ao lado do meu amigo Narciso, ex-preparador do Americano, escrever um livro sobre técnicas e fundamentos no treinamento de goleiros. É uma coisa bem específica. Ainda estamos esboçando este projeto e anotando todos os dados. Além disso, criei um cinto de tração para trabalho específico de goleiro, quero fazer um vídeo para que este aparelho seja mais divulgado e depois comercializado para todo o mundo.

ZNR: Como você avalia o Carlos Alexandre, reserva do Ricardo que veio da base do CFZ do Rio?

Bahia: Esse garoto tem um potencial monstruoso. Custou um pouco para chegarmos num treinamento ideal, pois ele tem muita massa muscular. A coisa não estava indo bem em matéria de peso, gordura corporal, mas eu e o Paulinho [preparador físico] analisamos e chegamos ao mais próximo do ideal. E não tem tempo ruim com o Carlos Alexandre. É um garoto novo que poderia ser um pouco rebelde por estar no banco e é justamente o contrário. Ele é amigo e brinca o tempo todo.

ZNR: Você tem vontade de ser treinador no futuro?

Bahia: Não tenho um pingo de paixão em ser técnico. Quando a gente parte para uma coisa tem quer ser por amor, pois fazemos com mais dedicação e sai quase que perfeito. Se estivesse com esta idéia de ser treinador na cabeça, não estaria sendo um bom preparador de goleiros. Iria trabalhar observando meu treinador para aprender ou até secar. Quero ser um sucesso ou um dos melhores dentro da minha profissão de preparador de goleiros. Macaco que pula de galho em galho acaba caindo. Se você parou para ser treinador de goleiros, seja o melhor treinador de goleiros.

ZNR: Como é trabalhar com o Júlio Marinho?

Bahia: Conheço o Júlio há um bom tempo e já trabalhamos juntos antes. Ele tem uma competência incrível, é um cara extremamente profissional e que tem novas idéias. Quando você vê o Júlio trabalhando no campo, dá para sentir a diferença. Existem treinadores em clubes grandes que não tem a mesma capacidade. Isso sem falar na pessoa dele: é um amigo que está contigo na hora boa e na ruim. Enfim, o Júlio é nota dez.

ZNR: Como a estrutura do clube está ajudando no seu trabalho?

Bahia: Tinha uma impressão diferente do CFZ. Achava que era um pessoal mais afastado. Mas hoje não trocaria o CFZ por clube nenhum. É uma casa em que encontrei profissionais sérios, capacitados e o mais importante: é uma casa que tem vida, que tem alma. As pessoas são alegres e realmente capacitadas para ocupar suas funções. O [Carlos] Garrit [supervisor] está sempre junto e passa confiança, pois mesmo quando não dá para fazer, ele tenta. É um autêntico profissional da área. O Zé Carlos [coordenador] está no dia-a-dia com a gente sempre com bom humor. Trabalhei num clube há pouco tempo atrás que criança não podia nem entrar no campo. Aquilo me cortava o coração porque não tinha vida. O CFZ é uma família. Eu cheguei, fui observado e hoje faço parte desta família.

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