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Leonardo Filipo em 31/07/2008

O Centro de Treinamento do CFZ já recebeu equipes do Brasil e de várias partes do mundo, como Japão, Coréia do Sul, Estados Unidos e África. No último mês, porém, as instalações do bairro da Vargem Pequena ganharam ares das Arábias com a presença do time sub-17 do Al Nasser. Na pré-temporada, que terminou esta semana, os garotos aproveitaram a temperatura para treinarem mais, expressaram a religião muçulmana com toda a liberdade, se deliciaram com suco de manga e vibraram com o Flamengo no Maracanã.

Para receber os muçulmanos, algumas adaptações foram feitas nas instalações do CT. Como os árabes evitam usar papel higiênico, os banheiros receberam chuveirinhos. O vestiário era exclusivo, pois eles não podem trocar de roupa na frente de estrangeiros. Uma sala de refeitório também foi colocada à disposição da turma saudita. A sala onde fica o vídeo game, no segundo andar, virou o local das cinco rezas diárias.

E era justamente com a oração da alvorada que o dia dos garotos começava, às 5 da manhã. Nessas horas, versículos do Alcorão, livro sagrado do Islamismo, ecoavam pelo CT. O ritual começava antes, quando pés, braços e rostos eram lavados. Os calçados ficavam do lado de fora. Fahad Al-Muferej, supervisor do time, iniciava a reza, com todos virados em direção a Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos. Dependendo do horário da oração, os devotos de Allah se ajoelhavam duas ou três vezes.

Após o café da manhã, o primeiro treino começava às 9h. Antes do meio-dia, os jogadores já estavam almoçando. Joana, uma das cozinheiras do CT, notou um hábito diferente.

- No começo, eles comiam com as mãos, mas depois começaram a usar talheres.

Depois do almoço, nova reza e um tempo para descanso. Alguns garotos iam para os quartos, outros ouviam música na varanda do CT, ou jogavam vídeo game. Jogadores do CFZ logo se integraram aos árabes. A fronteira da língua era quebrada com gestos, algumas poucas palavras em inglês e pela linguagem universal, a música.

- Nós mostramos o funk, mas eles preferiram o pagode, só querem saber de pagode. E eles nos ensinaram a dança árabe – disse Iury, atacante do time juvenil do Azul e Branco, que mora no CT.

Uma verdadeira ONU se formava ao redor do vídeo game. Além de árabes e brasileiros, dois sul-coreanos, um americano e um garoto de Bahamas mediam forças no futebol virtual. Enquanto esperava a sua vez, Iury mostrava o brinco na orelha para um colega do Al Nasser e ficava sabendo que na Arábia o adorno é proibido.

Depois da terceira reza do dia, o segundo treino, às 16h. Fahad comenta que, por conta do calor excessivo, na Arábia só há um treino por dia. A temperatura e a localização do CT do CFZ era elogiada pelo supervisor.

– Aqui é muito bom. É bem aberto e não tem prédios nem carros. E a temperatura é muito boa. Treinar duas vezes por dia está sendo bom para os garotos.

Nos treinos, os juvenis do Al Nasser eram orientados pelo técnico Wallace Padrão e pelo preparador físico Rafael Fogageiro, ambos do time júnior do CFZ.

- Eles têm habilidade, o capitão deles é muito bom. Só que prendem muito a bola, por isso eu fiz um trabalho de dois toques com eles – conta Wallace, se referindo a Abrhm Galb. Em um jogo treino do Al Nasser contra o Flamengo, no campo da Gávea, ele recebeu elogios dos brasileiros ao comandar a vitória do time por 2 a 1. E Galb nem é um dos quatro jogadores do time que fazem parte da seleção nacional sub-17.

Fim de treino, os jogadores partiam direto para a oração do crepúsculo. Depois do banho, alguns garotos se mostravam bastante à vontade para os padrões árabes, indo para os quartos apenas com uma toalha amarrada na cintura. O jantar era servido antes das 19h. Carne de porco era a única restrição. Joana, a cozinheira, contou as preferências.

- Eles pedem sempre macarrão, batata frita e suco de manga.

Antes de dormirem, por volta das 21h, os árabes fazem última oração da noite.

A passagem dos garotos do Al Nasser pelo Rio não ficou restrita aos treinamentos. Pão de Açúcar, praia e, obviamente, o Maracanã fizeram parte do curto roteiro turístico. No estádio, os árabes vibraram com a vitória do Flamengo sobre o Náutico por 3 a 0. Eles também conheceram o Engenhão, onde acompanharam a vitória do Botafogo sobre o Grêmio por 2 a 0. O goleiro Abdulah lamentava apenas o fato deles não poderem ter saído à noite para conhecer as brasileiras.

Após a pré-temporada, Fahad resumiu o sentimento que os árabes deixaram.

- Para nós, o Brasil é mais distante do que a Europa. Mas as pessoas são mais amigáveis.

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