Com o auxílio do preparador físico brasileiro Jeronymo Vasques na tradução simultânea, o ZNR teve uma rápida conversa com Naoki Honmachi, treinador do time escolar japonês mais brasileiro da Terra do Sol Nascente: o Haguro FC. Como acontece desde 2002, a pré-temporada da equipe foi realizada no Centro de Futebol Zico e atualmente quatro jovens jogadores do CFZ do Rio fazem intercâmbio no Japão. Falamos com Honmachi sobre este intercâmbio e também sobre futebol japonês:
ZNR: Que proveitos o time do Haguro já tirou e continua tirando deste intercâmbio?
Honmachi: O Japão é muito frio nesta época do ano. Em janeiro, onde moramos, em Yamagata, tem muita neve. E vir aqui neste período ao Brasil e ao Rio com todo este espaço e uma comissão técnica para dar um apoio, um suporte, o time vem tendo uma resposta muito positiva. Muitos bons jogadores ficaram no Japão, então quem veio hoje aqui foi um pessoal mais novo, mas que nós sentimos que podem se desenvolver. Os brasileiros que estão lá no intercâmbio com a gente ajudam muito a puxar o time na parte de motivação, na parte de ter mais vontade na hora de jogar futebol. Eles somam muito.
ZNR: Como você avalia a evolução do futebol japonês?
Honmachi: As comissões técnicas têm evoluído muito lá no Japão, têm estudado bastante e feito uma boa base na parte das categorias inferiores. No entanto, hoje em dia, todo o jogador japonês está com as mesmas características, pois está se padronizando tudo por lá. O Nakamura e o Shinji Ono, por exemplo, são diferenciados em certos detalhes, mas padronizados no estilo de ensino. Tudo o que é passado como trabalho de passe, de coordenação, tudo é padronizado. Mesmo assim, o Japão está produzindo muitos bons jogadores de meio e alguns centroavantes mais rápidos. Hoje, o jogador que é considerado importante no Japão é o jogador alto e forte. Mas isso precisa mudar. Para chegar a um nível ?top? no futebol mundial ainda falta muita coisa.
ZNR: O que falta para que isso realmente deixe de ser apenas um sonho?
Honmachi: É preciso trabalhar jogadores de vários biótipos tanto um baixinho habilidoso quanto um alto habilidoso e rápido. É preciso começar a fazer o jogador que tiver. Pegar um atleta e trabalhar os fundamentos para que ele melhore no que é fraco. Os treinadores estão muito seletivos. Eles gostam de jogadores altos, de 1,90m e querem que eles sejam fortes. Então isso é difícil, é um padrão que não é japonês. É importante se adaptar ao tipo de população que o Japão apresenta. |